8 de novembro de 2013

Sim, Vossa Mercê era uma forma de tratamento. Confira a história!


Segundo o livro "O português da gente: a língua que estudamos a língua que falamos", de Rodolfo Ilari e Renato Basso, entre os séculos XVI e XVII, a forma "você" cumpriu uma das principais etapas do processo pelo qual passou de expressão de tratamento a pronome. Atualmente, usamos  com maior frequência a palavra "você" quando nos referimos a segunda pessoa do discurso, há neste caso, uma relação que requer certa intimidade com o interlocutor, seja pelo contexto, afetividade ou intenção comunicativa. Ao contrário, empregamos outros pronomes.
Ilari e Basso nos apresentam uma visão bastante peculiar da origem deste vocábulo, eles relatam que este teve origem da expressão de tratamento "Vossa Mercê", a qual era empregada exclusivamente ao rei no período que equivale ao século XIV. Da metade do século XV em diante, a expressão desaparece progressivamente nessa função e torna-se corrente entre os fidalgos, pessoas nobres daquela época. No século XVI, já reduzida a "você", cai  na boca do povo, fixando-se como pronome.
E quem pensava que a história havia chegado ao final está enganado, pois, mesmo chegando à forma de tratamento como a conhecemos, há mudanças em sua forma que vale a pena ressaltar. Temos a utilização da palavra como “ocê”, que é caracterizada de um falar próprio de pessoas de determinadas regiões do Brasil, no caso o caipira. Tem-se também “cê”, que é usada na oralidade, e, por fim, “vc”. Este é aplicado na escrita por usuários da linguagem eletrônica, internetês, termo utilizado modernamente.
Essas últimas formas acima descritas são julgadas pelos gramáticos como elementos fora da língua padrão do português brasileiro. Sendo usadas em determinados contextos e apresentadas aos alunos para que possam identificá-las, analisá-las e aplicá-las conforme sua intenção comunicativa, o que se denomina modernamente de competência linguística.

Veja o que o livro didático de William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães diz em relação ao tema:

Imagem retirada do livro: Português Linguagens-6ano, p. 191.

12 de junho de 2013

Persuasão



Persuasão é a arte de conseguir influenciar as pessoas com ideias, tornando-as adeptas de seus conceitos. Por isso, é essencial escolher uma linguagem adequada à comunicação, de acordo com o público-alvo.
É preciso empregar recursos expressivos da linguagem persuasiva, presentes em determinados gêneros textuais, como o anúncio publicitário, o manual de instruções, a receita culinária, os regulamentos, as regras de jogo, entre outros.
Os textos que se utilizam da persuasão têm como principal objetivo convencer o leitor a fazer (ou deixar de fazer algo). O anuncio publicitário, por exemplo, para alcançar tal objetivo, concentra-se no interlocutor, apelando para sua sensibilidade ou suas emoções. Neste caso é frequente o uso do verbo no modo imperativo, que exprime ordem, pedido, conselho ou incitação.
Quando o enunciado visa o interlocutor, tentando influenciar seu comportamento, como ocorre no anúncio, é empregada a função apelativa da linguagem.  
Os elementos persuasivos estão lidados a três linguagens: visual, sonora e escrita. Elas possibilitam a combinação de códigos diversos e servem para prender a atenção do público-alvo.
Por fim, a persuasão é tomada como instrumento de poder quando é capaz de atingir seu objetivo, ou seja, quando se emprega uma estratégia argumentativa de forma eficaz, a que garante o condicionamento do indivíduo seja sob a forma consciente, com argumentos válidos e aceitos por ter utilizado uma lógica ou inconsciente, quando é tomada pela sensibilidade e emoção.

18 de maio de 2013

Exemplo de texto dissertativo



Terra: o planeta da vida



Até o momento, não se conhece nenhum outro lugar no Universo, alem da Terra, que reúna condições para a existência de vida. As atividades humanas no nosso planeta, porém, têm reduzido cada vez mais essas condições.

O crescimento constante da população e o consequente aumento do consumo vêm causando a destruição progressiva dos recursos disponíveis e modificando rapidamente o ambiente.

A maioria dos seres vivos só se utiliza daquilo que realmente precisa para subsistir. O homem não, pois com seus instrumentos e máquinas é capaz de multiplicar infinitamente o trabalho que seria feito por um só indivíduo. Assim, ele se apropria intensiva e rapidamente dos recursos e rompe o equilíbrio frágil e expressamente complexo da natureza. Desse modo, prejudica os demais seres vivos, ocasionando, muitas vezes, sua total destruição.

O número de habitantes do planeta, porém, cresce sem parar, e muitas áreas produtivas da Terra já foram, e continuam sendo, ocupadas sem planejamento e exploradas de modo inadequado. Se continuarmos a agir assim, esgotando os recursos da natureza, em pouco tempo só restarão na Terra ambientes impróprios para a vida e sem possibilidades de recuperação.

Mas é preciso uma espécie como a nossa, capaz de realizações magníficas no campo das artes, das ciências e da filosofia, deverá saber organizar-se e encontrar as soluções adequadas para garantir sua permanência na Terra.


MATTOS, Neide Simões de et al. Nós e o ambiente. São Paulo: Scipione, 1990. p. 8-9. (universo da Ciência

Esquematizando:

Introdução:
Temos no primeiro parágrafo a introdução ao tema, ou seja, que apresenta o assunto a ser abordado e defendido no decorrer do texto. Manifesta-se desde o introdutório a opinião da articulista sobre o tema: "As atividades humanas no nosso planeta, porém, têm reduzido cada vez mais essas condições." Esse ponto de vista, que será defendido, denomina-se tese.

Desenvolvimento:
O desenvolvimento corresponde aos parágrafos   2, 3 e 4, nos quais se apresentam argumentos que sustentam a tese. Note que a cada parágrafo corresponde a um argumento. No segundo, o argumento é o crescimento constante da população e o aumento  do consumo causam a destruição de recursos disponíveis e modificam o ambiente. No terceiro, o argumento utilizado é que a espécie humana, ao contrário da maioria dos seres vivos, rompe o equilíbrio ambiental, prejudicando os demais seres. No quarto, temos o seguinte argumento: com o número de habitantes cresce sem parar e a exploração de muitas áreas produtivas é feita de modo inadequado, se os seres humanos continuarem a agir dessa forma, os ambientes irão se tornar impróprios para a vida e sem possibilidade de recuperação.

Conclusão:
 A conclusão corresponde ao quinto parágrafo, em que se apresenta uma mensagem otimista, afirmando-se que, apesar de tudo, a espécie humana saberá encontrar as soluções para garantir a sua permanência na Terra.

Bibliografia:
TERRA, Ernani. Projeto radix: português, 9. ano/ Ernani Terra, Floriana Toscano Cavallete. - São Paulo: Scipione, 2009. p. 25 e 36. 

7 de maio de 2013

Tipologia textual: Dissertação


A dissertação é um discurso lógico e generalizador que apresenta uma tese (o que se quer provar), um ponto de vista sobre determinado assunto. Ela pressupõe, sempre, conhecimento do assunto sobre o qual se deseja discorrer, reflexão sobre o tema proposto e posterior organização das ideias.
O texto dissertativo padrão apresenta-se composto de três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão, cada uma das quais pode conter um ou mais parágrafos.
Quanto à formulação dos textos, o discurso dissertativo pode apresentar-se como:

1) expositivo: trata-se da apresentação, explicação ou constatação, de maneira impessoal, sem julgamento de valor e sem propósito de convencer o leitor. 

 2) argumentativo: apresentação, explicação ou constatação de um fato para convencer através de um raciocínio lógico, coerente e baseado na evidência das provas. A argumentação procura formar opinião, convencendo o leitor de que a razão está com quem organizou o texto.
 Estrutura do texto dissertativo
 Imaginemos um tema para dissertação: a industrialização (o tema caracteriza-se por ser amplo, estender-se no sentido horizontal a e ser um elemento comum a todas partes do texto). Para que o texto, a ser elaborado a partir desse tema, seja realmente eficaz, ele deverá problematizá-lo, isto é, verticalizar, aprofundar, relacionar.
 Observe o desenvolvimento do tema industrialização nestes dois textos:
 (1) - A INDUSTRIALIZAÇÃO É UM FENÔMENO CARACTERÍSTICO DAS SOCIEDADES MODERNAS, INDUSTRIALIZAÇÃO É CRIAÇÃO DE INDÚSTRIAS. AS INDÚSTRIAS PRODUZEM BENS DE PRODUÇÃO.
O BRASIL ESTÁ SE INDUSTRIALIZANDO. EXISTEM PAÍSES MAIS INDUSTRIALIZADOS QUE O BRASIL, COMO OS ESTADOS UNIDOS, JAPÃO, ETC. HÁ OUTROS MAIS ATRASADOS, COMO PARAGUAI E O HAITI, POR EXEMPLO. ALGUMAS INDÚSTRIAS POLUEM O MEIO AMBIENTE. MAS AS INDÚSTRIAS DÃO EMPREGO A MUITA GENTE. AS INDÚSTRIAS SE CONCENTRAM NAS REGIÕES INDUSTRIAIS. ENFIM, A INDUSTRIALIZAÇÃO É A ALMA DO PROCESSO.
 (2) QUERER QUE TODOS OS POVOS DA TERRA ALCANCEM O NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO E INDUSTRIALIZAÇÃO QUE CARACTERIZOU OS ESTADOS UNIDOS E A EUROPA É UMA PRETENÇÃO ABSURDA. SE OS QUATRO BILHÕES DE HABITANTES DO GLOBO ESTIVESSEM "DESENVOLVIDOS" DE ACORDO COM AS DEFINIÇÕES VIGENTES, SE TIVESSEM O CONSUMO MATERIAL AMERICANO QUE, ENTRE OUTRAS COISAS, SIGNIFICA UM AUTOMÓVEL PARA CADA DUAS PESSOAS, TERÍAMOS HOJE CERCA DE DOIS BILHÕES DE CARROS NA TERRA. NO ANO DE 2000, SERIAM MAIS DE TRÊS BILHÕES, EM 2030, MAIS DE SEIS BILHÕES E ASSIM POR DIANTE. HOJE TEMOS ALGO MAIS DE 200 MILHÕES E A SITUAÇÃO JÁ SE TORNA INSUPORTÁVEL.
 (José A. Lutzenberger) 
O primeiro texto não problematiza nada: é apenas um amontoado de frases sem coesão. O segundo texto apresenta um problema claro: os povos da Terra não podem aspirar a atingir o mesmo nível de industrialização dos Estados Unidos.
A problematização do tema (o levantamento de uma hipótese de trabalho) é fundamental para a elaboração de um texto crítico, coerente, aprofundado e constitui o passo inicial (introdução) do texto dissertativo.
 Não basta, no entanto, possuir uma tese sobre o tema, é necessário desenvolver para demonstrar essa tese. No desenvolvimento a preocupação maior de quem elabora o texto deve fundamentar de maneira clara e convincente as ideias que expõe ou defende. Sustentam-se os argumentos através de duas formas: evidência e raciocínio.

 São quatro os tipos de evidência: 

1) os fatos: só eles provam, “contra fatos não há argumentos!” Mas seu valor de prova é relativo, pois os fatos estão sujeitos às modificações da ciência, da técnica, da moral, etc.
2) exemplos: são fatos típicos, específicos e representativos de uma determinada situação.
3) estatísticas: de grande valor persuasivo, embora possam ser manipulados.
4) testemunhos: palavras de pessoa considerada “expert” no assunto.
São também quatro os tipos de raciocínio (raciocinar é o processo de extrair inferências de fatos, exemplos estatísticos e testemunhos):
1) indução: extrair uma generalização de um ou mais fatos particulares (raciocínio que vai do particular para o geral). É o método utilizado pelo cientista quando, a partir de inúmeras experiências, descobre a lei que rege os casos particulares.
Ivone é professora da rede estadual e ganha pouco.
Jair é professor da rede estadual e ganha pouco.
Laís é professora da rede estadual e ganha pouco.
Desses fatos particulares facilmente se chega à conclusão de que todos os professores da rede estadual ganham pouco.
2) dedução: é a aplicação de uma regra geral a um caso particular (raciocínio que vai do geral para o particular). O processo de dedução é silogístico e baseia-se na exatidão das premissas. Silogismo é raciocínio formado de três proposições: a primeira, chamada de premissa maior; a segunda, premissa menor a terceira, conclusão. O exemplo clássico de silogismo é:
Todos os homens são mortais. (premissa maior)
Sócrates é homem. (premissa menor)
Logo, Sócrates é mortal. (conclusão)
A força desse tipo de raciocínio está na exatidão da premissa maior, caso contrário pode-se incorrer em conclusões absurdas.
EXEMPLO:
Todo político é desonesto.
Teodoro é político.
Logo, Teodoro é político.
3) relações causais: elas estabelecem possibilidades e não certezas a apresentam-se sob dois aspectos:
a) de causa e efeito:
Beber cerveja me dá dor no estômago.
Se beber cerveja, ficarei com dor de estômago.
b) de efeito e causa: (procura-se determinar a causa):
O rio Tietê transborda com as chuvas de verão.
Isso acontece porque os trabalhos de desassoreamento não estão sendo feitos corretamente.
4) analogia: determina o grau de probabilidade de uma situação através do exame de acontecimentos ou circunstâncias semelhantes.
Meu vizinho sofre de dor do estômago, toma chá de boldo e passa bem. Eu sofro do estômago, portanto, se tomar chá de boldo, passarei bem.
O último movimento do texto dissertativo é a conclusão que deve derivar naturalmente do desenvolvimento (com suas evidências e raciocínios) ratificar a introdução.

Referência Bibliográfica: OLIVEIRA, Ana Tereza Pinto de. Minimanual compacto de redação e estilo: teoria e prática. - São Paulo: Rideel, 1999, p.290-297.

CHARGE


Assim como a anedota, a charge constitui outro gênero textual caracterizado pelo humor, neste caso, produzido a partir de uma caricatura gráfica com ou sem uso da linguagem verbal. A palavra originou-se do francês charger, que significa “carga” ou “exagero”. Isso quer dizer que a charge é um tipo de ilustração que exagera nos traços do caráter de alguém ou de algo, com o objetivo de provocar o riso.
Em geral, a charge apresenta um conteúdo de crítica social ou política. Por meio de desenhos humorísticos, o chargista registra sua opinião sobre certos fatos do cotidiano, satirizando-os.
A charge foi criada no início do século XIX, como forma de protesto pelos críticos ou opositores de determinados governos. Como representa um desenho satírico, tornou-se popular e permaneceu através dos tempos.
É importante saber que a charge traz sempre uma crítica sobre acontecimentos recentes noticiados pelos jornais. Nesse caso, é necessário estar a par dos fatos para entender o texto.




Charge Sisejufe - Sindicato dos Servidores do Judiciário Federal - Geraldo Alckmin e a redução da maioridade penal. Disponível em: http://www.facebook.com/Chargesvnc?ref=ts&fref=ts. Acesso em: 28 abril 2013.