20 de junho de 2012

Figuras de Linguagem



A linguagem poética explora o sentido conotativo das palavras, recriando, alterando e enfatizando o significado institucionalizado delas. Incidindo sobre a área da conotação, as figuras dividem-se em:
1) figuras de construção (ou de sintaxe) têm esse nome porque interferem na estrutura gramatical da frase;
2) figuras de palavras (ou tropos) constituem-se de figuras que adquirem novo significado num contexto específico;
3) figuras de pensamento, que realçam o significado das palavras ou expressões.

Figuras de Construção (ou sintaxe)
Elipse: omissão de um termo facilmente identificável. O principal efeito é a concisão:

"No fim da festa, garrafas e copos espalhados pelo chão."

Verifique que, nessa frase, houve a elipse do  verbo haver, que pode ser facilmente percebido pelo contexto: No fim da festa, havia garrafas e copos espalhados pelo chão.

Zeugma: é um tipo de elipse que consiste na omissão de uma ou mais palavras já mencionadas anteriormente.

"O dia estava frio; o vento, cortante."

Omitiu-se a forma verbal estava: O dia estava frio; o vento estava cortante.
A palavra omitida pode ser um verbo anteriormente citado, só que em outra flexão. Veja outro exemplo: 

"Como teus olhos são claros
e a tua pele, morena"


No segundo verso, omitiu-se o verbo ser, mas sob a forma é (e a tua pele é morena).

Pleonasmo: repetição de um termo ou ideia. O efeito é o reforço da expressão.

"O acidente foi horrível e o homem viu tudo com seus próprios olhos."

É claro que alguém só pode ver com seus próprios olhos, mas essa expressão redundante ou repetitiva tem a função de destacar a expressão dessa ideia.

Outros exemplos:

"Rolou de escada abaixo."
"Resta-me a mim somente uma esperança."
Atenção!
Devem ser evitados os pleonasmos viciosos, que nada acrescentam à frase, tais como: subir para cima, sair para fora, descer para baixo, enfrentar de frente etc.

Polissíndeto: consiste na repetição de um conectivo, geralmente a conjunção e, sugerindo uma sequência rápida e, contínua de ações.

"E foge, e volta, e vacila e treme, e canta."
"Feliz, os torcedores do time campeão saíram às ruas, e cantaram, e dançaram, e festejaram até a noite chegar."


Assíndeto (ausência de conjunção): é a figura oposta ao polissíndeto.

"Não sopra o vento, não gemem as vagas, não murmuram os rios."

Iteração ou repetição: consiste na repetição de um termo. Difere do polissíndeto por ser a reiteração de qualquer palavra e não só da conjunção.

"O surdo pede que repitam, que repitam a última frase"
Cecília Meireles

Aliteração: consiste na repetição de um som consonantal para sugerir um objeto ou a ideia desse objeto.
Observe, nestes versos de Cruz e Souza, o efeito sonoro conseguido pelo poeta com a aliteração do fonema /v/ - nos três primeiros versos e do fonema /t/ no último verso:

"Ó vellho vento saudoso,
velho vento compassivo,
ó ser vulcânico e vivo
taciturno e tormentoso"

 
Onomatopeia: Consiste na imitação de um som.

"O tique-taque do relógio me deixava irritada."
" zunzum feito por parte da plateia incomodou o pianista."
"De repente - bum! - ouviu-se uma explosão no pátio."



Anacoluto: é a interrupção do esquema sintático inicial da oração, que termina por outro, diferente.

"Meu pai, não admito que falem dele."



Silepse: ocorre quando a concordância de gênero, número ou pessoa é feita com ideias ou termos subentendidos na frase. A silepse pode ser:

a) de gênero:

"O ministro se dirigiu ao rei e perguntou:
- Vossa Majestade está muito preocupado?"

Observe que o adjetivo está no masculino, concordando não com o pronome Vossa Majestade, que tem forma feminina, mas com a pessoa a que se refere esse pronome, que é um homem.

b) de número:

O povo lhe pediram que cedesse. (pediram não concorda com povo, mas com a ideia de coletivo, de plural presente em povo)

A turma ficou apavorada e fugiram. (o verbo na 3ª pessoa do plural, concordando não com a palavra turma, que está no singular, mas com  a ideia de plural que esse substantivo sugere).

c) de pessoa:

"Os brasileiros gostamos de futebol."
O sujeito brasileiros levaria normalmente o verbo para a 3ª pessoa do plural (eles); nessa frase, porém, a concordância foi feita com a 1ª pessoa do plural (nós), indicando que a pessoa que fala também se inclui entre os brasileiros.


Figuras de Palavras (ou tropos)

As figuras de palavras baseiam-se no emprego simbólico, figurado, de uma palavra por outra, quer por contiguidade (relação de proximidade), quer por similaridade (associação, comparação).

Metáfora: fundamenta-se numa relação subjetiva, ela consiste na transferência de um termo para outro âmbito de significação que não é o seu e para isso parte de uma associação afetiva, subjetiva entre dois universos. É uma espécie de comparação abreviada, à qual faltam elementos conectores (como, assim como, que nem, tal qual etc.)

"Meu verso é sangue." Manuel Bandeira
Observe que, ao associar verso a sangue, o poeta estabelece uma relação entre as duas palavras, vendo nelas alguns pontos em comum. Todos os significados sugeridos pela palavra sangue passam também para a palavra verso.
Repare que a associação de ideias contida numa metáfora é bem subjetiva, por isso, em certos casos, é muito fácil "explicar" o significado de uma metáfora. Podemos fazer algumas interpretações, mas sem a pretensão de querer exatamente o que ela significa.
Os poetas são mestres na criação de metáforas surpreendentes, ricas em significados e sugestões. Veja outro exemplo neste verso de castro Alves:

"O campo é o ninho do poeta..."

Costuma-se distinguir a metáfora pura da metáfora impura (símile), aquela em que os dois termos da comparação vêm expressos.

"A noite é um manto negro sobre o mundo." (noite e manto negro são os dois termos da comparação)

Metáfora impura é aquela em que não está presente em nenhum termo da comparação.

"O manto negro desceu sobre o mundo."

Esquematizando:
Essa mulher é perigosa tal qual uma cascavel = comparação
Essa mulher é uma cascavel = metáfora impura
Convivo com uma cascavel = metáfora pura.

Metonímia: consiste na substituição de um nome por outro porque entre eles existe alguma relação de proximidade. Essa relação de substituição surge quando se emprega:

a) a parte pelo todo (ou vice-versa):

Estava novamente sem teto (teto = casa).
b) o gênero pela espécie (ou vice-versa).
Os mortais são covardes (mortais = homens).
c) O singular pelo plural (ou vice-versa).
O francês gosta de um bom vinho (francês = franceses).
d) a matéria pelo objeto:
Colocou seus cristais à venda (cristais = copos ou objetos de cristais)

Obs.:  Os casos acima exemplificados são denominados por alguns autores como sinédoque. Modernamente a metonímia engloba a sinédoque.

e) o autor pela obra:
"Devolva o Neruda que você me tomou e nunca leu..." (Chico Buarque)
(Neruda = livro de poesias de Pablo Neruda)
f)  a causa pelo efeito (ou vice-versa):
"Comerás o pão com o suor de teu rosto." (suor = efeito da causa que é o trabalho, isto é, "Comerás a comida com fruto do teu trabalho"). Temos aqui, também a parte pelo todo: pão designa o alimento em geral.
g) o continente pelo conteúdo (ou vice-versa):
Tomou duas latas de cerveja (lata = a cerveja contida na lata).
h) o instrumento pela pessoa que o utiliza:
Ele é um bom garfo (garfo = glutão, guloso, homem que come muito).
i) o lugar pelo produto:
O presidenciável gosta de um bom havana (havana = charuto fabricado em Havana, capital de Cuba).
j) o concreto pelo abstrato (ou vice-versa):
A junvetude brasileira está desorientada (juventude = as pessoas jovens).
k) o sinal pela coisa significada:
O trono estava abalado (trono = império, reino)

Catacrese: ocorre quando transferimos a uma palavra o sentido próprio de outra. Se a metáfora surpreende pela originalidade na associação de ideias, o mesmo não acontece com a catacrese, que, por ser constantemente repetida, já não chama a nossa atenção. Exemplo:

"Ele embarcou no trem das onze."

Observe que o verbo embarcar pressupõe barco e não trem. Mas essa forma de dizer já está tão incorporada na língua que nem percebemos que se trata de linguagem figurada. O mesmo ocorre com expressões como perna de mesa, folha de papel, braço da cadeira, asa da xícara, coração da cidade, enterrar uma faca no peito etc.

Antonomásia: consiste na substituição de um nome por outro ou por uma expressão (perífrase) que facilmente o identifique.

A Cidade Maravilhosa, depois das chacinas e dos arrastões, já está sendo chamada de Cidade Perigosa. (Cidade Maravilhosa e Cidade Perigosa = Rio de janeiro)

Figuras de Pensamento

Antítese: é a figura que evidencia a oposição entre ideias.
"Fez-se do amigo próximo o distante." Vinicius de Moraes
"Morre! Tu viverás nas estradas que abriste!" Olavo Bilac

Hipérbole: ocorre hipérbole quando, para realçar uma ideia, exageramos na sua representação.

"Estou morrendo de sede! Vou beber alguma coisa."
"Chorou um rio de lágrimas."
"Toda vida se tece de mil mortes."
"Um oceano de cabeças ondulava à sua frente."

Eufemismo: consiste no abrandamento de expressões cruas e desagradáveis. Dito de outro modo, empregamos quando desejamos atenuar ou suavizar a expressão de uma ideia desagradável ou chocante.

"Foi cometido pelo mal de Hansen." (= contraiu lepra)
"O hábil político tomou emprestado dinheiro dos cofres públicos e esqueceu-se de devolver." (= o hábil político roubou dinheiro público)

Ironia: consiste em sugerir, pela entonação e contexto, o contrário do que as palavras ou as frases exprimem, por intenção sarcástica.

Que belo negócio! (= que péssimo negócio!)
O rapaz tem a sutileza de um elefante.

Personificação (prosopopeia): consiste em atribuir atitudes ou características humanas a coisas ou a seres irracionais. A personificação é muito usada nas fábulas, que apresentam animais comportando-se como seres humanos.

"O inútil choro das tristes águas
Enche de mágoas a solidão..." Vicente de Carvalho

"Viram um leão e um homem. No caminho, encontraram uma estátua de pedra que mostrava um homem estrangulando um leão. 
O homem disse ao leão:
- Vês como somos mais fortes que vocês?
E este, sorrindo, respondeu:
- Se os leões soubessem esculpir, verias o leão estrangulando o homem..." Fábulas de Esopo

Veja o vídeo e confira!
Referência bibliográfica: OLIVEIRA, Ana Tereza Pinto de. Minimanual compacto de redação e estilo: teoria e prática. - São Paulo: Rideel, 1999, p.167 a 175. TUFANO, Douglas. Gramática fundamental. - 1.ed. - São paulo: Moderna, 2007, p. 112 a 135.

18 de junho de 2012

Citação latina: Ego sum qui sum

Eu sou quem eu sou.

Estas foram as palavras de Deus a Moisés.



VICTORIA, Luiz. Dicionário da origem e da Evolução das palavras.2.ed. - Rio: Editora Científica, 1960, p. 205.

16 de junho de 2012

Noção de Texto

textum, -i, subs. n.I - Sentido próprio: 1) Tecido, pano (Ov. Met. 8, 640). Por extensão: 2) Obra formada de várias partes reunidas, contextura (Ver. En. 8, 625). II - Sent. figurado: 3) contextura (do estilo) Quint. 9, 4, 17).
Texto em português, assim como em latim, quer dizer tecido, entrelaçamento de fios. Neste sentido, produzir um texto é entrelaçar suas várias partes a fim de obter um todo encadeado logicamente, o que resulta numa rede de relações que garantem sua unidade e coesão. A essa rede de relações dá-se o nome de tessitura do texto.
Em suma:
a) o texto não é um aglomerado de frases;
b) o significado das frases de um texto nunca é autônomo.
A partir da segunda conclusão, deriva a noção de contexto: uma unidade linguística maior onde se encaixa uma unidade de linguística menor. daí a progressão:

frase »  parágrafo » capítulo » obra

Elementos Estruturais do Texto

Temos três elementos indispensáveis a qualquer tipo de texto: estrutura, conteúdo, expressão.

A estrutura abrange a unidade, organicidade e forma:

a) unidade: num texto deve-se desenvolver um único assunto ou núcleo temático;
b) organicidade : o texto coerente e coeso apresenta um inter-relacionamento de todas as suas partes, o que resulta num todo articulado;
c) a forma: o tipo de composição escolhido, segundo a sua finalidade: descrição (relatar algo), narração (contar uma história), dissertação (elaborar um raciocínio).

O conteúdo requer coerência e clareza.

a) coerência: é a seleção de ideias que devem ligar-se ao tema proposto (para que não fuja ao tema);
b) clareza: subordina-se ao tópico Vícios de linguagem. Deve-se evitar toda e qualquer construção ambígua ou mal estruturada, que dificulte o entendimento do texto.

Leia esta tira de Quino:

Isoladamente, cada um dos três primeiros quadrinhos não denota outra coisa senão pessoas rindo. É só no contexto inteiro, com a adição do quarto quadrinho, que eles ganham uma outra dimensão e significado.
A expressão está diretamente ligada ao domínio da estrutura da linguagem e do léxico. Estes dois últimos tópicos são resultado de um plano previamente elaborado e de uma revisão acurada do texto.

Tipos de composição

Descrição, narração, dissertação. Para efeito didático, essas são as formas de composição de um texto. Qualquer que seja, no entanto, o tipo de classificação, é importante lembrar que o texto deve constituir-se de três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão. A introdução situa o leitor dentro do assunto que será desenvolvido. O desenvolvimento constitui o corpo do texto e a conclusão deriva naturalmente das duas partes anteriores, é o fecho do texto.

Bibliografia

OLIVEIRA, Ana Tereza Pinto de. Minimanual compacto de redação e estilo: teoria e prática. - São Paulo: Rideel, 1999, p.261-262.

10 de junho de 2012

Estrutura de trabalho escolar: passo-a-passo

Apresentação gráfica

Papel:
Branco/ formato A4

Digitação:
Cor preta

Fonte e tamanho da letra:
Elabore seu trabalho usando letras legíveis como Times New Roman, Arial, Book Antiqua, Courier New, Tahoma no Tamanho 12.

Recuo:
Primeira linha

Espaçamento:
Para melhor leitura do texto recomendo espaçamento 1,5; mas está adequado se optar por 1,15.

Margens:
Normal
superior - 2,5 cm inferior - 2,5 cm       esquerda - 3 cm direita - 3 cm

Parágrafo:
Os parágrafos deverão estar em formato JUSTIFICADO, pois promove ao texto uma aparência organizada.
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 Link para download do documento em formato Ms Word:
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SOBRECAPA
A sobrecapa deverá estar em formato CENTRALIZADO 
É a folha que cobre e protege a capa, podendo incluir as mesmas informações da capa.  
Imagem ilustrativa

CAPA 
 A capa deverá estar em formato CENTRALIZADO
A capa serve para reproduzir informações de seu trabalho como: nome da instituição de ensino, título e, se houver, subtítulo; nome de quem requeriu etc. 
Dica: Você pode colocar os dados da disciplina, professor... (3º enunciado abaixo) em uma tabela. Alinhe-a para obter o resultado desejado.
Obs.: Não esqueça de deixar a tabela sem borda.


Imagem ilustrativa

DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO
Desenvolvimento do trabalho ou pesquisa. Nessa etapa, você irá expor a pesquisa ou discutir o assunto abordado.
Lembre-se os parágrafos deverão estar em formato JUSTIFICADO, letras Times New Roman, Arial, Book Antiqua, Courier New, Tahoma no Tamanho 12. Espaçamento 1,5 e Recuo do paragráfrafo: 1 linha.
Imagem ilustrativa



CONCLUSÃO
É a parte que você concretiza seu trabalho, fica por sua conta sintetizar o conteúdo pesquisado. Deverá também colocar de modo explícito, com clareza e objetividade o que você compreendeu.
Imagem ilustrativa

BIBLIOGRAFIA
Parte que se destina à identificação das publicações inseridas no trabalho
Recomenda-se deixar as referências bibliográficas alinhadas somente à margem esquerda e com espaço simples entre linhas.
Imagem ilustrativa

Orientações básicas
Livro:
SOBRENOME, Nome. Título da Obra: subtítulo (se houver). 1. ed. Local: Editora, ano, p. x.
(se tiver colocado mais de uma página: p. xx- xx)
Filmes e documentário:
TÍTULO. Autor e indicação de responsabilidade relevantes (Diretor, Produtor, Realizador, Roteirista e outros). Coordenação (se houver). Local: Produtora e distribuidora, data. Descrição física com detalhes de unidades, duração em minutos, sonoro ou mudo, legendas ou de gravação. Série, se houver, notas especiais.
Revista:
TÍTULO DA REVISTA. Local: Editora, volume, número, mês e ano, p. xxx-xxx.

Para mais modelos, consulte os links:


PARECER DO PROFESSOR
O professor exporá sua opinião sobre seu trabalho e/ou justificará sua nota.

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FOLHA EM BRANCO
Serve para proteger a parte final de seu trabalho.


Imagem ilustrativa

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Observação: este esquema foi baseado em padrões acadêmicos, não significando que monografias devem ser formatadas desta forma. O meu objetivo foi mostrar um modelo aos estudantes para deixar seus trabalhos mais organizados, isto é, com uma estética aceitável. Recomendo consultar as normas da ABNT para sanar possíveis dúvidas.

Referência Bibliográfica:

RODRIGUES, André Figueiredo. Como elaborar monografias - São Paulo: Associação Editorial Humanitas, 2005. 
__________ , Como elaborar referência bibliográfica. 5ª ed. São Paulo: Associação Editorial Humanitas, 2004. 
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3 de junho de 2012

Gênero Textual: Propaganda

O discurso publicitário usa outdoors, televisão, rádio, jornal, revista, internet para vender seus produtos através de mensagens que procuram convencer para conseguir consumidores. É a propaganda, cujas mensagens geralmente são curtas, breves, diretas e positivas, com predomínio da forma imperativa (interlocução direta, com uso da terceira pessoa, vocativos, etc.), presente no slogan, um enunciado repetido a exaustão. Aliado a essa estratégia discursiva verbal, o texto publicitário compõe-se também de linguagem não verbal, em formato de suporte, as imagens, ilustrações e animações são de grande importância na construção de um discurso que explora os desejos de consumo da sociedade moderna. Quando veiculados em rádio, televisão, internet, também o som é de suma importância. É um gênero textual essencialmente multissemiótico, em que os argumentos de venda, embora pareçam lógicos, caracterizam-se por apelos totalmente emocionais e pelo uso de padrões sociais, estéticos, etc. 
COSTA, Sérgio Roberto. Dicionário de gêneros textuais. 2. ed. rev. ampl. - Belo Horizonte: Autêntica, 2009, p.171.

Veja a propaganda da TNT para promover seu novo canal em alta definição
Com esse vídeo, a emissora conseguiu entrar no ranking dos comerciais mais assistidos no mundo.

A trama é iniciada a partir do momento em que uma pessoa aperta um botão com a seguinte frase: "aperte para adicionar drama" . O enredo acontece na Flemish Square, em uma pequena cidade  da Bélgica.



Saiba mais por Ana Tereza 
A linguagem publicitária 
A função do texto publicitário é convencer seu público a comprar um produto ou, até mesmo, a modificar seu comportamento. Na mensagem publicitária ocorre a confluência de dois tipos de linguagem: a verbal e a não verbal que se mesclam, interagem-se e se completam.
Embora a propaganda se utilize de recursos estáticos, existe uma diferença fundamental entre a arte e ela. Os artistas ampliam o universo estático de seus receptores, suas produções pressupõem uma multiplicidade de leituras, pois os textos são polivalentes. Já o texto publicitário oferece ao consumidor um mundo fechado, levando-o a uma única atitude/leitura: consumir. O publicitário tem como meta a fórmula AIDA (atenção, interesse, desejo, ação): se seu anúncio conseguir levar o consumidor a esses estados de consciência, haverá concretização da venda. Mas como atingir esses estados? Através de um texto que não será fruto simplesmente da inspiração,mas, antes de tudo, de um detalhado estudo do mercado, do consumidor e dos produtos concorrentes.
Estrutura do texto publicitário
Hoje em dia é cada vez mais frequente a ocorrência de textos publicitários que se apoiam somente na imagem e, quando muito, têm com texto somente o slogan. Slogan é uma frase curta, concisa e eufônica (aqui entra a exploração sonora do significante com aliterações, assonâncias, paronomásias, etc.) que identifique o produto: Mil e uma utilidades (Bombril), por exemplo.
Mas normalmente o texto publicitário apresenta os seguintes componentes: 

1. Título: manifesta o reconhecimento de uma necessidade ou desejo do consumidor. Funções do título num anúncio publicitário. 
a) selecionar seu público: o título isola, numa grande massa de consumidores, aqueles que quer atingir: donas-de-casa, crianças, empresários, etc. 
b) provocar curiosidade: procura de fórmulas que rompam a apatia do consumidor e estimulem a prosseguir lendo o anúncio. 
c) informar: os títulos devem ser capazes de deter o consumidor e levá-lo à leitura do texto e devem também, relacionar a experiência do leitor com as vantagens oferecidas pelo produto anunciado.
 2. Corpo do texto: além de inspiração, talento literário e preocupação estética, o redator deve ter consciência clara dos objetivos do anúncio e dos recursos que tem à sua disposição, enquanto técnica. Devem orientar seu raciocínio estes princípios: 
a) o texto deve reconhecer um desejo ou uma necessidade do leitor
b) o texto deve conter a satisfação desse desejo ou necessidade;
c) o texto deve oferecer a comprovação de que essa satisfação será real
d) o texto deve justificar a ação que o leitor tomará (e todo texto publicitário, pelo seu caráter conotativo, espera que o leitor passe à ação). 
Fazem parte, portanto, do corpo do texto
*apresentação dos argumentos: como o produto anunciado pode satisfazer a necessidade ou desejo do consumidor. 
* comprovação e desenvolvimento dos argumentos: reforço da ideia através de provas ou maiores detalhes dos argumentos apresentados. É o momento de quebrar qualquer objeção ou resistência do consumidor. As formas mais comuns de comprovação são: especificação de qualidade, testemunhos, reputação do fabricante, reconhecimento oficial, desempenho do produto, opinião de especialistas, garantia, índice de vendas. 
Os requisitos do texto publicitário são os mesmos de qualquer texto em prosa ou poesia: clareza, concisão, precisão e vigor: 
* clareza: o texto deve exigir um esforço mínimo de leitura;
* concisão: o texto deve ser breve e denso; 
* precisão: deve dar-se preferência a elementos objetivos e concretos que conduzam à ação e evitar-se elementos vagos e generalizados;
*vigor: o texto deve comunicar-se com entusiasmo os benefícios e vantagens que o produto oferece.
Referência Bibliográfica: OLIVEIRA, Ana Tereza Pinto de. Minimanual compacto de redação e estilo: teoria e prática. - São Paulo: Rideel, 1999, p.309-312..

2 de junho de 2012

Intertextualidade

Intertextualidade

Alguns textos dialogam entre si, influenciando a linguagem um dos outros. A essa "conversa" entre textos dá-se o nome de INTERTEXTUALIDADE. Às vezes, o uso ou troca de ideias entre os textos visa a reforçar um pensamento, ampliar, parodiar, criticar, ou mesmo, opor-se a uma ideia anterior.

Leia os textos a seguir, e observe como alguns autores compõem sua mensagem a partir de textos elaborados por outros autores.

Dois Anjos. Raphael Sanzio.

TEXTO I
Poema de sete faces

"Quando eu nasci, um anjo torto
Desses que vivem na sombra
Disse: vai Carlos! Ser gauche na Vida."
[...]
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE, in Algumas poesias. Rio de janeiro: Aguilar, 1964. (Fragmento)

TEXTO II
Até o fim

"Quando eu nasci veio um anjo safado
O chato dum querubim
E decretou que eu estava predestinado
A ser errado assim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim."
[...]
CHICO BUARQUE. Letra e música. São Paulo: Cia. das Letras, 1989. (fragmento).

TEXTO III
Com licença poética

"Quando nasci um anjo esbelto,
Desses que tocam trombeta, anunciou: 
Vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher
Esta espécie ainda envergonhada."
[...]
ADÉLIA PRADO. Bagagem. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986. (fragmento).

Você observou que, a partir do texto do poeta Carlos Drummond de Andrade, Chico Buarque e Adélia Prado estabeleceram uma intertextualidade, e assim criam novos textos que "dialogam" com o Poema de sete faces.
No texto de Drummond, um anjo torto parece amaldiçoar o destino do eu lírico: ele vai ser gauche, andar errado, ser torto como o próprio anjo. O anjo de Chico Buarque também decreta que o eu lírico será errado, mas o eu lírico brinca com o anjo. Chama-o de safado, de chato e afirma: vai até o fim. Chico Buarque parece mostrar que é possível ser gauche e estar de bem com a vida.
Em Adélia Prado, a intertextualidade está explícita logo no título: Com licença poética. O seu anjo é esbelto; não é torto, não é gauche. Exibe-se, toca trombeta e, no lugar de uma maldição, anuncia sua tarefa: "Vai carregar bandeira". O eu lírico contesta que ser coxo (gauche) possa ser considerado maldição para uma mulher. Assim, tanto Chico Buarque quanto Adélia Prado traçam novas possibilidades de destino para seu eu lírico.

Sarmento, Leila Lauar. Português: leitura, produção, gramática. - 2.ed. - São Paulo: Moderna, 2006, p. 270-271.

1 de junho de 2012

Ortografia: O uso da LETRA ‘H’




A letra H é uma letra que não representa fonema. Seu uso se limita aos dígrafos ch, lh e nh, a algumas interjeições (ah, hã, hem, hip, hui, hum, oh) e a palavras em que surge por razões etimológicas. Observe algumas palavras em que surge o H inicial:
hagiografia, haicai, hálito, halo, hangar, harmonia, harpa, haste, hediondo, hélice, Hélio, Heloísa, hemisfério, hemorragia, Henrique, herbívoro (mas erva) hérnia, herói, hesitar, hífen, hilaridade, hipismo, hipocondria, hipocrisia, hipótese, histeria, homenagem, hóquei, horror, Hortênsia, horta, horto (jardim), hostil, humor, húmus.
Em “Bahia”, o H sobrevive por tradição histórica. Observe que nos derivados o H não é usado: baiano, baianismo.

CURIOSIDADES
(Contexto histórico – BAHIA)

Em carta de 1504, relatando sua viagem de 1501, Américo Vespúcio noticia a descoberta da região, que recebe o nome de Baía de Todos os Santos, por possuir uma grande enseada e ter sido descoberta a 1º de Novembro de 1501, dia de Todos os Santos1. A forma de ortografar “o nome Bahia é escrita com H por mera tradição. Pois, o acadêmico Pedro Calmon propôs, na sessão da Academia Brasileira de Letras, a 5 de agosto de 1943, que esse topônimo fosse assim grafado, quando se referisse ao Estado. A proposta foi aprovada na sessão do mesmo mês e ano2.  
Conforme Nilce Sant´anna Martins em seu livro Introdução à Estilística,1997: “Os baianos não consentiram que o nome do seu Estado sofresse reforma ortográfica, o que seria uma quebra da tradição e, por isso, se fez a exceção, distinguindo-se o mero acidente geográfico baía do próprio Bahia”.


1 Enciclopédia Mirador Internacional. São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações, 1992.
2 SACCONI, Luiz Antonio. Não erre mais!--28ª ed. São Paulo: HARBRA, 2005.