14 de abril de 2021

O que é Leitura Colaborativa Plugada?

    A proposta da Leitura Colaborativa Plugada veio da necessidade de adaptação de metodologias e de procedimentos didático-pedagógicos com suporte em ferramentas digitais que impulsionassem o contato dos estudantes com a leitura.  Em tempos de pandemia, decorrente da Covid-19, o distanciamento social (físico) foi uma exigência da circunstância da qual estamos ainda submetidos, tornando as aulas remotas um meio seguro de interação dos estudantes com seus professores e, claro, do contato com conhecimento mediado.

    É importante salientar que a leitura colaborativa é uma velha conhecida e aliada dos professores da educação infantil dos anos fundamentais, abordada nos PCNs e prevista também na BNCC - AI e AF do EF (p.96). Essa modalidade didática se vale de orientação específica para a formação de leitores.  “A leitura colaborativa é uma atividade em que o professor lê um texto com a classe, e, durante a leitura, questiona os alunos sobre os índices linguísticos que dão sustentação aos sentidos atribuídos.” PCN, p.72.

    Nesse sentido, ao ler o texto em voz alta para seus alunos, o professor realiza breves paradas em pontos estratégicos do texto, proporcionando a interatividade deles com o que se lê, de modo a possibilitar o levantamento das hipóteses, seguidas da confirmação ou a derrubada delas (negação). É um processo, conforme Bräkling (2012), de ensinar a ler, enquanto se lê.

    Esse modelo didático de leitura é diferente da leitura comentada. A leitura colaborativa/compartilhada requer a colaboração ativa dos estudantes no ato coletivo de ler, a partir de levantamento de hipóteses, que converge com a atribuição de sentidos. Já na leitura comentada, o professor faz pausas no texto para destacar, complementar ou explicar determinadas partes que ele acredita que os estudantes ainda não possuam maturidade para compreender o que está sendo posto no texto pelo autor ou enriquecer informações, trazendo elementos externos ao texto. São propostas distintas, fiquem atentos!

    Complementando a proposição da Kátia Bräkling, o professor antes de aplicar a atividade com sua classe/turma necessita organizar a pauta de leitura: escolha apropriada do texto em relação ao tema de interesse dos alunos, da complexidade do ano/série e do gênero que corresponda às expectativas de aprendizagem da escola, articulação dos objetivos de leitura ao material selecionado e apontamentos das paradas estratégicas, previamente.

Para a autora, a leitura colaborativa acontece em 3 etapas:

a)  Antes de se iniciar a leitura, ocasião em que se deve tematizar a ativação de repertório acerca do tema, gênero, autor e sua obra (temas recorrentes, contexto geral de produção, eventuais posições ideológicas, por exemplo), editora e sua produção, de tal forma que esses conhecimentos possibilitem ao leitor uma maior fluência semântica por meio da realização de antecipações a respeito de: a) o que poderá estar dito no texto; b) de que maneira estará dito (tipo de linguagem – variedade e registro; organização interna do texto; argumentos possíveis de serem utilizados pelo autor, quando se tratar de texto organizado em gênero da ordem do argumentar, entre outros aspectos); c) qual o possível contexto de produção do texto, entre outros aspectos. Nesse momento, deve-se recorrer a todas as informações linguísticas disponíveis, inclusive, por exemplo, título do texto, fonte (quando apresentada).

b) Durante a realização da leitura paulatina do texto, de modo a tentar provocar, nos alunos, a mobilização das habilidades de leitura em foco, na tentativa de recuperar os sentidos do texto. Nesse momento, é imprescindível que se leve em conta a necessidade de solicitar dos alunos a sustentação das respostas oferecidas ou nas marcas e recursos linguísticos presentes no texto, ou nos conhecimentos prévios do mesmo. É essa explicitação que irá “ensinando” aos alunos como ler: a explicitação dos procedimentos e estratégias utilizados pelos diferentes sujeitos.

c)  Depois da realização da leitura integral do texto, em especial quando se pretender o trabalho com a verificação de hipóteses levantadas; a identificação de valores veiculados no texto (morais, éticos, estéticos, afetivos); o estabelecimento de relações intertextuais ou interdiscursivas entre o texto lido e outros; o posicionamento do leitor diante do que foi apresentado no texto.

    Diante do exposto, por força maior, a interação face a face ficou comprometida, e a tentativa de estabelecer essa relação de troca, de participação do estudante, culminou na elaboração do formulário gamificado: Leitura Colaborativa Plugada. Nela, diferentemente da proposta para o ensino presencial, aluno realiza sozinho pelo smartphone ou PC, todavia, a ideia do contato com o professor e com o autor do texto é preservada - não de maneira física. E além do formulário, o professor pode utilizar outras ferramentas digitais para aproximar os leitores dos textos literários, como por exemplo Mentimeter e até mesmo o Wordwall, com esses recursos digitais a leitura colaborativa ganha novos formatos.


Referência:

BRÄKLING, K. L. A leitura da palavra: aprofundando compreensões para aprimorar as ações. Concepções e prática educativa. São Paulo (SP): SEE de SP/CEFAI; 2012.


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