30 de maio de 2012

Gênero textual: Conto

  Assim com a novela e o romance são do tipo narrativo, assim também o conto literário o é. Em contraste com o romance, que geralmente é mais longo, o conto é mais curto (short story, no inglês), isto é, de configuração material narrativa pouco extensa, historicamente verificável. Essa característica de síntese traz outras: número reduzido de personagens ou tipos; esquema temporal e ambiente econômico, muitas vezes, restrito; uma ou poucas ações, concentrando os eventos e não permitindo intrigas secundárias como no romance ou na novela, e uma unidade técnica e de tom (fracção dramática, sedutora, em que tempo e espaço e personagens se fundem, muitas vezes) que o romance não mantém.
A limitação de extensão e síntese do conto tem a ver com suas origens socioculturais e circunstâncias pragmáticas. Ele tem origem nos casos/ causos populares que, com sua função lúdica e moralizante, tanto seduziam  e seduzem o auditório presencial dos contadores de casos das comunidades. Associa-se ao desejo humano de compartilhar acontecimentos, sentimentos e ideias. Trata-se da atmosfera mágica do "Era uma vez...", presente nas narrativas ou relatos que deram origens às histórias de Mil e uma noites, por exemplo, a tantas fábulas, a tantos contos de fadas. Socioculturalmente, portanto, o conto literário tem sua origem na cultura oral, enquanto o romance é regido pela cultura escrita/leitura.


Conto Popular

Historicamente, os contos populares são herança de crenças e mitos primitivos que se adaptaram a novos contextos culturais. Como o caso/ causo e o conto literário, o conto popular também é  breve e curto, com número reduzido de personagens geralmente são anônimas e culturalmente prototípicas (rei, princesa, dragão, padre, moleiro...) Enunciativa, as fórmulas introdutórias do tipo "Em um reino muito distante...", de localização temporal indefinida, acabam dando ao conto um caráter de permanência temporal (passado e atual), além de colocá-lo no  mundo ficcional. Mas há outras características pragmáticas que o diferenciam do conto literário: origem: vêm das camadas hegemônicas, não letradas da população, como também o vêm os provérbios, as adivinhas, os jogos de palavras, as cantigas..., que fazem parte de uma literatura oral tradicional, não institucionalizada, transmitida de geração para geração; emissão/ produção: é feita por um tipo de sujeito coletivo, pois é a comunidade que legitima os discursos anônimos da tradição cultural de um povo, produzidos por intérpretes pontuais que, muitas vezes, inovam, atualizam esses discursos , conservando-lhes, contudo, a essência, enquanto no conto literário existe escritor/ autor, que é um sujeito que se pode identificar e nomear e tem controle relativo de sua produção; recepção: trata-se também de um interlocutor coletivo que limita as inovações individuais dos intérpretes tanto por intervenções ou comentários quanto por uma espécie de censura promovida por crenças, costumes e ética da comunidade em que circulam os contos; temática: é tão diversa que exige uma imensa tipologia de contos: contos maravilhosos ou de encantamento, da carochinha, de animais, de adivinhação, contos religiosos, contos etiológicos...; ingredientes: um dos principais ingredientes desses contos é a irracionalidade: a galinha dos ovos que bota ovos de ouro, a fada que transforma uma criada em princesa com um toque de sua vara, animais que falam, etc. 

COSTA, Sérgio Roberto. Dicionário de gêneros textuais. 2. ed. rev. ampl. - Belo Horizonte: Autêntica, 2009, p. 74-75-76.

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A estrutura do enredo
  •  Introdução (ou apresentação): geralmente coincide com o começo da história; é o momento em que o narrador apresenta os fatos iniciais, as personagens e, às vezes, o tempo e o espaço.
  • Complicação (ou desenvolvimento): é a parte do enredo em que é desenvolvido o conflito.
  • Clímax: é o momento culminante da história, ou seja, aquele de maior tensão, no qual o conflito atinge o seu ponto máximo.
  • Desfecho (ou conclusão): é a solução do conflito, que pode ser surpreendente, trágica, cômica, etc., e corresponde ao final da história.

26 de maio de 2012

Emprego da vírgula

Estudo da língua: 


  • Usa-se vírgula para isolar expressões explicativas, como isto é, por exemplo, ou melhor, a saber, ou seja:

Ex.: Combinamos que todos contribuirão com a campanha. Eu, por exemplo, doarei dez quilos de alimentos não perecíveis.
  • Usa-se vírgula para separar, em uma enumeração, os termos com a mesma função.
Ex.: Havia sobre a mesa papéis, revistas, agenda, dicionário e um estojo.
  • Usa-se vírgula para separar o vocativo, ou seja, a pessoa  a quem se chama ou se nomeia em uma frase.
Ex.: Lucas, quem você convidou para o seu aniversário?
  • Usa-se a vírgula para separar o aposto, ou seja, o termo da oração que explica, esclarece, resume ou identifica o nome que se refere. 
Ex.: Salvador, capital da Bahia, aumentou o turismo no Brasil.
  • Usa-se vírgula para destacar o adjunto adverbial quando ele estiver anteposto ao verbo.
Ex.: Aqui, trabalho nunca falta. 

A vírgula pode ainda:

a) Indicar a supressão do verbo.

Ex.: Flávia entregará a pesquisa hoje e Henrique, (entregará) só amanhã.

b) Separar nomes de lugar em datas e em endereços.

Ex.:
-> Curitiba, 16 de junho de 2011.
-> Avenida Rui Barbosa, 303.

c) Separar orações de sentido completo, não ligadas pela conjunção e.

Ex.:
-> Fui ao banco pela manhã, registrei uma nova senha.
                     1ªoração          /          2ªoração

-> Li a carta, guardei-a na gaveta
     1ªoração /          2ªoração

d) Separar orações de sentido completo, ligadas pela conjunção e, mas que apresentam diferentes sujeitos.

Ex.:
    (sujeito = o taxista )                        (sujeito= nós)
-> O taxista parou no aeroporto, e logo nós pegamos o avião.
      1ªoração                               /                2ªoração

      (sujeito = o tenista)                  (sujeito= o público)
-> O tenista venceu o campeonato, e o público aplaudiu.
         1ªoração                                 /           2ªoração


e) Separar orações subordinadas.

Orações subordinadas são aquelas que dependem de uma outra oração para ter sentido completo.

Ex.:
 -> A paisagem de Angra dos Reis é magnífica.
-> A paisagem de Angra dos Reis convida-nos ao lazer. 

-> A paisagem de Angra dos Reis, que é magnífica, convida-nos ao lazer 
                oração principal        /oração subordinada explicativa /      oração principal


f) Separar orações subordinadas que tiverem a função de adjunto adverbial e que aparecem antes da oração principal.

Ex.:
 -> Como o carnaval se aproxima, sairemos de férias por uma semana.
      oração subordinada adverbial /                oração principal

-> Quando abril a bolsa, viu o bilhete.
oração subordinada     /  oração principal
adverbial


g) separar orações intercaladas ou interferentes.

Ex.:
 -> O noticiário de hoje, disse ele, anunciou a queda dos juros. 
-> Esta greve, explicou o sindicalista, não é política.


A vírgula não é empregada:

I- No período formado por uma só oração:

a) Não se separa com vírgula o sujeito do predicado.
Ex.: 
-> A banda de roqueiros tocou para a imensa plateia.
         sujeito                    /  predicado

-> O barulho do telefone acordou-me
          sujeito                   /  predicado

b) Não se separa com vírgula o verbo de seu complemento.
 Ex.:
-> O ginasta venceu a prova com facilidade.
                       verbo /        complemento

-> As estradas brasileiras necessitam de reparos urgentes
                                                verbo     /      complemento

c) Não se separa com vírgula o nome de seus adjuntos adnominais e complementos nominais.

ex.:
-> O analista de sistema ficou satisfeito com o aumento de salário.
        nome   / adjunto adnominal

-> Os passageiros tinham medo de assaltos;
                                         nome / complemento nominal


II -  No período formado por duas ou mais orações:

a) Não se separa com vírgula a oração principal da oração subordinada que tem função de substantivo.

Ex.: 
-> O público exigiu que o show continuasse.
oração principal     /  oração subordinada equivalente a continuação do show 

-> A mãe esperou que o filho voltasse.
Oração principal   / oração subordinada equivalente a volta do filho

b) Não se separa a oração principal da oração subordinada que tem função de adjetivo e que não é uma oração explicativa.

Ex.: 
-> O quadro que leiloaram retrata a guerra espanhola.
oração subordinada equivalente a leiloado

-> A casa que alugamos fica no Sul.
oração subordinada equivalente a alugada

c) Não separam as orações de sentido completo, ligadas por e, e com o mesmo sujeito. 

Ex.: 
-> O cliente pagou e (o cliente) agradeceu ao vendedor.
-> (Ele) Chegou e (ele) abraçou-me.


25 de maio de 2012

Como surgiram os nomes dos meses?

Janeiro não existia no antigo calendário romano, que começava por março, e tinha apenas 10 meses. Numa Pompílio, no século VII a.C., acrescentou ianuarius para o início do ano e februarius para o fim, que mais tarde passou a segundo. Janeiro vem de Jano, deus dos princípios e dos fins, que era considerado o porteiro do céu, e os romanos o tinham como protetor à entrada de suas residências. Antes de iniciar qualquer empreendimento, os romanos imploraravam a sua proteção. Jano era assim, o deus das portas (em latim, janua), tanto das que abriam quanto das que fechavam.

Fevereiro nos vem de februarius, nome que tem origem na deusa da purificação, Februa. Os romanos, pagãos, preocupavam-se muito com ela, depois das suas constantes e suntuosas orgias.

Março, que era o primeiro mês do ano, vem de Marte, deus da guerra, outra das grandes preocupações dos romanos, grandes guerreiros.

Abril, que nada tem que ver com abrir, é nome de origem etrusca e signofica o segundo; de fato, era o segundo mês do antigo calendário dos etruscos e dos romanos.

Maio era o mês dedicado aos senadores e às pessoas idosas; vem de maiorem.

Junho provém de juniorem, em virtude de Rômulo, o fundador de Roma, dedicar-se esse mês às pessoas jovens.

Julho foi neme dado em homenagem a Caio Júlio César, o imperador de Roma. Como era o quinto mês do ano, chamava-se apenas mensis quinctilis (quinto mês). No ano 45 a. C., o imperador Marco Antônio, ao desejar homenagear o seu amigo Caio Júlio César, mudou o nome.

Agosto nos vem de Augustus, título que recebe o mesmo Caio Júlio César, por ter no sextilis mensis (sexto mê) obtido três importantes vitórias militares. De Augustus passou, no latim vulgar, a agustu e daí ao português agosto.

Setembro, como o próprio radical indica, era o sétimo mês do ano; provém de septembre.

Outubro (de octubre) era o oitavo mês do ano, assim como novembro, do latim novembre, era o nono e dezembro, do latim decembre, era o décimo.

Todos esses nomes latinos tiveram trocada a vogal final, de e para o, por influência dos nomes de outros meses: janeiro, fevereiro, março, etc.

SACCONI, Luiz Antonio. Não erre mais. - 26. ed. reform. e ampl. - São Paulo: Atual, p.134-135.

Gênero textual: adivinha

  O que é adivinha?

Pergunta ou questão enigmática que geralmente exige resposta ou solução engenhosa. A questão-problema proposta, geralmente a guisa de brincadeira, não raro, é formulada em versos metrificados e/ou rimados. A enunciação da ideia, fato, objeto ou ser vem envolta numa alegria, procurando-se dificultar-lhe a descoberta. A interpretação da linguagem metafórica e/ou comparativa pode levar à decifração da adivinha.


COSTA, Sérgio Roberto. Dicionário de gêneros textuais. 2. ed. rev. ampl. - Belo Horizonte: Autêntica, 2009, p. 30.


Etimologia da palavra alma


do hebraico almi, corruptela de anim, sopro, hálito.

Moisés diz que Deus, depois de ter feito Adão de barro, sopou-lhe nas ventas, infundindo-lhe, assim, uma alma, isto é, o princípio da vida.

VICTORIA, Luiz. Dicionário da origem e da Evolução das palavras.2.ed. - Rio: Editora Científica, 1960, p. 11.

Etimologia da palavra aluno




Originalmente, esse vocábulo significa criança de peito; em seguida, por extensão, o que é nutrido, e finalmente, educado (o que nutre o espírito).


VICTORIA, Luiz. Dicionário da origem e da Evolução das palavras.2.ed. - Rio: Editora Científica, 1960, p. 11.

Etimologia da palavra abelhudo


curioso, metediço, atrevido.


O termo vem de abelha. Este inseto penetra por toda parte, para colher o pólen com que fabrica o mel. Assim o abelhudo intromete-se em tudo, mas essa intromissão, nem sempre produz resultados adocicados.

VICTORIA, Luiz. Dicionário da origem e da Evolução das palavras.2.ed. - Rio: Editora Científica, 1960, p. 07.

Citação: Lar, doce lar.


Lar, doce lar.

Origem: Estas palavras constituem o primeiro verso de uma amável canção que corre mundo. São da lavra do americano John Howard Rayne.



VICTORIA, Luiz. Dicionário da origem e da Evolução das palavras.2.ed. - Rio: Editora Científica, 1960, p. 236.

Citação: O inferno está pavimentado de boas intenções.




Imagem:radiacaodefundo.haaan.com
O inferno está pavimentado de boas intenções.

Origem: Browell atribuiu esta frase a Smamuel Jhonson, mas Walter Scott, no romance "The Bride of Lammermoor", enuncia-a como pertencendo a um teólogo inglês, que ele não cita.





VICTORIA, Luiz. Dicionário da origem e da Evolução das palavras.2.ed. - Rio: Editora Científica, 1960, p. 225.

24 de maio de 2012

Citação latina: Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste.

Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste.


Origem: palavras hebraicas pronunciadas por Cristo ao expirar na cruz.


VICTORIA, Luiz. Dicionário da origem e da Evolução das palavras.2.ed. - Rio: Editora Científica, 1960, p. 222.

Citação latina: Eis o homem!

Ecce homo!

Eis o homem! 


Origem: palavras de Pilatos aos judeus, quando lhes apresentou Cristo, coroado de espinhos.




VICTORIA, Luiz. Dicionário da origem e da Evolução das palavras.2.ed. - Rio: Editora Científica,1960, p. 220.

Citação latina: Vini, vidi, vici.

Vim, vi e venci.

Origem: palavras com que César descreve ao Senado a campanha relâmpago em que venceu Farnace, rei do Ponto



VICTORIA, Luiz. Dicionário da origem e da Evolução das palavras.2.ed. - Rio: Editora Científica, 1960, p. 218.

Citação latina: Margaritas ante porcos.

Pérolas aos porcos.

Origem: palavras do Evangelho. Aplicam-se quando falamos de coisas diante de alguém que é incapaz de apreciá-las.



VICTORIA, Luiz. Dicionário da origem e da Evolução das palavras.2.ed. - Rio: Editora Científica, 1960, p. 204.

Alea jacta est.

O dado está lançado.


Origem: Roma para se proteger, cominava as maiores penas a quem atravessasse o rio Rubicão que separava a Gália Cisalpina da Itália. Quando César marchou contra Pompeu, hesitou a princípio, mas depois, exclamando alea jacta est, atravessou o rio e marchou sobre Roma.


VICTORIA, Luiz. Dicionário da origem e da Evolução das palavras.2.ed. - Rio: Editora Científica, 1960.