12 de fevereiro de 2013

Metáfora

A metáfora apresenta uma palavra utilizada em sentido figurado, fora da significação real, em virtude de semelhança subentendida. 


"Temos metáfora toda vez que, indo além da simples apresentação de propriedades comuns, pensamos uma realidade nos termos de uma outra. O exercício de pensar uma realidade em termos do que ela não é nos leva sempre a alguma descoberta, por isso mesmo, a metáfora é uma poderosa fonte de novos conhecimentos e novos comportamentos. Pensar uma realidade em termos de outras proporciona também um prazer estético.

As descobertas proporcionadas pelo uso figurado da linguagem são mais ou menos previsíveis no caso de metáforas que se tornaram correntes e convencionais.
Uma frase como:
José é um palito leva quase automaticamente a pensar em magreza (e não na possibilidade de usar José para palitar os dentes). As “descobertas” são mais “trabalhosas”, e mais compensadoras, no caso das metáforas autenticamente criativas. 
Do que falava Manuel Bandeira com esta frase, aplicada a uma de suas antigas namoradas?

Maria, você é uma perna.
Feiura? Banalidade? Utilidade?
"
 Ilari, Rodolfo. Introdução à semântica - brincando com a gramática.

 
O que queremos dizer quando dizemos que/de alguém:

a) Aquela criança é uma flor.
b) Esse menino é um trator.
c) Fulano é um cavalo.
d) ...é uma mula (empacada). ...
e)... é um tatu.
f) ... é uma cobra. 
g) ... é um urso
h) ... é um gato.
i) ...  é um galinha.
j) ... tem olhos de lince.
k) ... tem olhos de gavião.
l) ...  fez uma cachorrada.
m) ... come como um passarinho.
n) ... dorme com as galinhas.
 

 Podemos encontrar metáforas em diversos gêneros textuais. Sua compreensão é subjetiva,  cabe ao leitor interpretar esta figuração de acordo com sua sensibilidade e visão de mundo, no entanto, de modo coerente com o contexto em que foi empregada.



Em canção:
 
Sem Açúcar
 

Todo dia ele faz diferente, não sei se ele volta da rua
Não sei se me traz um presente, não sei se ele fica na sua
Talvez ele chegue sentido, quem sabe me cobre de beijos
Ou nem me desmancha o vestido, ou nem me adivinha os desejos

Dia ímpar tem chocolate, dia par eu vivo de brisa
Dia útil ele me bate, dia santo ele me alisa
Longe dele eu tremo de amor, na presença dele me calo Eu de dia sou sua flor, eu de noite sou seu cavalo

A cerveja dele é sagrada, a vontade dele é a mais justa
A minha paixão é piada, sua risada me assusta Sua boca é um cadeado e meu corpo é uma fogueira 

Enquanto ele dorme pesado eu rolo sozinha na esteira
E nem me adivinha os desejos
Eu de noite sou seu cavalo


Chico Buarque 

Em poema:

Os poemas


Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti ...


Mario Quintana

 

O bicho

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio,
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão.
Não era um gato.
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.


Manuel Bandeira

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In: http://mesquita.blog.br/pro-dia-nascer-melhor-31032009





 Vídeo de apoio:

 
In: http://terratv.terra.com.br/videos/Noticias/Vida-e-Estilo/Colegio-Web/4692-257769/Compreensao-de-metaforas-depende-do-leitor.htm