24 de setembro de 2012

 Texto para apreciação nas oficinas de produção textual: textos noticiosos

 OFICINA I



O QUE É UMA NOTÍCIA?


A notícia é um fato natural (terremotos, erupções vulcânicas), político, social, econômico, cultural considerado relevante e merecedor de ser divulgado através de sua publicação em um ou mais tipos de mídia. A eleição de um presidente em qualquer parte do globo, Jogos Olímpicos, uma grande festa ou tragédia são considerados “notícia” e costumam ser acessíveis a um número restrito de pessoas. Quem está de fora, também quer tomar conhecimento daquela situação. É aí que entra o papel do jornalista: que vai colher aquelas informações in loco, no momento que ocorreram, e transformá-las em textos que serão divulgados aos que não tiveram acesso àquele momento (ou que ali estavam, mas querem mais informações acerca daquele evento). Esses textos são notícia.
 O QUE É UM JORNAL?
O jornal é o espaço físico onde são publicadas as notícias apuradas pelos jornalistas. 
Sua função é levar, através dos textos noticiosos, o cidadão a espaços que ele não pode entrar. E fala para um público heterogêneo, sem rosto, nem perfil definido. Em tese, ele entra na casa das pessoas e deve atingir todos os membros daquela família hipotética.
Há registros de jornais desde a Roma antiga. E o surgimento dessas publicações sempre coincidiu com algum movimento político ou social. O jornal como conhecemos atualmente nasceu no século XVIII, depois da Revolução Industrial. 
O primeiro jornal brasileiro foi o Correio Brasiliense, lançado em 1808 e impresso em Londres. Com a chegada de Dom João VI, nesse mesmo ano, é fundada a imprensa oficial e inicia-se a publicação da Gazeta do Rio de Janeiro, jornal totalmente produzido no brasil. 
Produzido com papel jornal, mais barato, essa publicações costumam ter três tamanhos:
Standart, o maior e mais antigo deles, presente em todos os países e, no Brasil, adotado por títulos como O Globo, Jornal do Brasil, Correio Brasiliense, O Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo, Jornal da Tarde, Agora! entre outros;
 
Tabloide, criado na Inglaterra, ainda muito popular naquele país, na Europa e Estados Unidos. É o formato de jornais como o The Sun (Inglaterra), El País (na Espanha), Bild-Zeitung (Alemanha), The Enquirer (Estados Unidos), entre outros. Desde o início da década de 1990, tornou-se febre na China. Na grande imprensa brasileira é usado pelo jornal Zero Hora, do Rio Grande do Sul;
Berliner, berlinense ou tabloide europeu é ligeiramente maior do que o formato tabloide surgido na Inglaterra. É o tamanho usado pelo jornal francês Le Monde, pelo italiano La Repubblica, e, desde 2005, pelo inglês The Guardian.
O periódico carioca, Jornal do Brasil, passou a ser o formatado com o modelo berliner, mas teve queda de vendas com o novo exemplar deixando de ser moderno para ser internético.
 COMO A NOTÍCIA APARECE NO JORNAL?

 
O LEAD
Ferramenta teórica sistematizada na primeira metade do século passado, a partir de uma frase do escritor e jornalista inglês Rudyard Kipling, que dizia que: “Tenho seis criados honestos, que me ensinaram tudo o que sei: O Quê, Por Quê, Quando, Como, Onde e Quem”. O lead norte-americano manda que o repórter, diante de um fato, busque resposta para essas cinco questões. A partir dessas respostas, ele monta seu texto. O resultado do escrito a partir dessas respostas é o que chama de “pirâmide invertida”: em que as informações mais relevantes acerca daquele fato apurado se concentram no primeiro parágrafo do texto.
Meio século atrás, nos primeiros tempos de prática da técnica do texto jornalístico, no Brasil, exigia-se que cada um dos dois primeiros parágrafos fosse escrito numa frase só, sem ponto. Eram o lead e o sublead, de preferência com cinco linhas, cada. A quebra paulatina dessa rigidez ajuda a explicar a mudança de lead para abertura. Qualquer que seja a designação, entretanto, continua a valer o princípio de que as primeiras linhas de um texto jornalístico devem prender a atenção do leitor. Depois do título e do subtítulo, é pela abertura que se agarra o leitor, mas às vezes esquecemos isso, na correria do fechamento, como se vê no exemplos abaixo:
ORIGINAL
De hoje até o dia 28, a Universidade do Sagrado Coração (USC) sediará a 2.ª Bienal do Livro de Bauru, um dos maiores eventos culturais do interior paulista. Escritores consagrados como Pedro Bandeira, Moacyr Scliar e Carlos Heitor Cony são algumas das personalidades convidadas para participar de Cafés Literários, conferências, palestras e bate-papos com o público.
ALTERADO
Escritores consagrados como Carlos Heitor Cony, Moacyr Scliar e Pedro Bandeira estão entre as personalidades convidadas para a 2.ª Bienal do Livro, um dos maiores eventos culturais do interior paulista, que pela segunda vez terá Bauru como sede, de hoje até o dia 28, na Universidade do Sagrado Coração (USC). Os visitantes poderão ter contato com as celebridades em Cafés Literários, conferências, palestras, bate-papos.
COMENTÁRIO
Se temos notícia, deve ser dada logo no começo, para agarrar o leitor, como está no texto alterado. O verbo sediar deve ser evitado - embora conste de dicionários, ainda não foi assimilado pelo texto jornalístico. Na relação dos escritores consagrados, devemos começar pelos que são mais conhecidos. Data e local, nesse caso, podem vir no final do parágrafo, pois são informações de menos impacto.
O TÍTULO
Muitos chefes de arte fazem questão do título, na hora de criar o projeto gráfico de uma página. A partir do título, eles se sentem mais seguros para escolher a fonte, para decidir onde vão jogar as ilustrações, para definir o tratamento geral da matéria.
De fato, o título é a chave de um texto jornalístico. O índice de leitura de uma notícia depende da qualidade do título. É fundamental que resuma o que está no texto, que seja verdadeiro e que, além do mais, que seja bonito, atraente, de entendimento imediato ou provocativo.
Nos jornais diários, recomenda-se que o título tenha verbo no presente do indicativo. Por quê? Porque o jornal diário fala sobretudo do que aconteceu ontem e, em menor escala, do que está previsto para hoje. Se usamos o verbo no passado para a maioria das notícias (do que aconteceu ontem), o jornal fica parecendo velho. O artifício consagrado é de dar títulos com o verbo no presente. No subtítulo já podemos usar o verbo no passado. No texto ficaria forçado, artificial, o verbo no presente.

A seguir, alguns exemplos de títulos feitos sem os cuidados necessários:

ORIGINAL


Fila única de transplantes é a garantia do doador


ALTERADO


Fila única é garantia de transplantes com segurança


COMENTÁRIO


Doador, num transplante de coração, é quem morreu. A família dele pode querer alguma garantia. Ele, não mais. Melhor, então, jogar no título a garantia de transplante com segurança.


ORIGINAL


Projeto leva oficinas culturais aos Centros de Integração da Cidadania


ALTERADO


Peg Livro leva oficinas culturais aos Centros de Integração da Cidadania


COMENTÁRIO


Projeto é vago. Já o nome do projeto, Peg Livro, dá a força que o título deve ter.


SUBTÍTULO/ LINHA FINA




Presume-se que o leitor de jornal é alguém que tem pouco tempo. Precisa da informação mas não pode demorar muito até saber o que lhe interessa. A linha fina, ou subtítulo, exerce essa função de facilitar a vida do leitor, ao completar o que está no título, ao acrescentar mais um dado. Juntamente com o título, a linha fina tem ainda a função de atrair o leitor para o texto. Deve portanto ser direto, claro, além de atraente. Muitos redatores, entretanto, dão impressão de que, para eles, o subtítulo é apenas aquela linha fina que fica logo abaixo do título, com função apenas estética, um capricho do pessoal da arte. Esquecem que o subtítulo é peça fundamental no esforço de todo jornal para garantir a fidelidade de seus leitores.
A seguir, alguns casos de mau aproveitamento da linha fina, ou subtítulo:

ORIGINAL


Promover o hábito da leitura e melhorar o acervo das bibliotecas públicas por meio da distribuição de cheques-livro são objetivos do evento (139 toques)


ALTERADO


Autores famosos e mais de 30 mil títulos estarão à disposição de um público previsto de 80 mil pessoas na 2.ª Bienal do Livro, a partir de hoje (143 toques)


COMENTÁRIO


O título da matéria foi: “O mundo dos livros volta a Bauru”. O subtítulo original era burocrático. Se temos notícia, deve ser dada logo no começo e com informações que ajudem a agarrar o leitor, como está no subtítulo alterado

Bibliografia:


http://www.elpais.com.br/elpaisnaescola/arquivos/DicasdeJornalismo.pdf

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